Um perigoso tipo de alga está causando a morte de cães — e isso pode piorar com as mudanças climáticas
Por Ed Cara
Histórias trágicas relatadas no fim de semana passado estão aumentando a consciência de uma ameaça para as pessoas e animais na água: algas. Pelo menos quatro cães em dois estados do sudeste dos EUA teriam morrido após nadar em lagos de água doce e lagoas cheios de algas azul-esverdeadas tóxicas. E, com o aumento das temperaturas globais, esses casos podem se tornar mais comuns nos EUA e em outros lugares do mundo.
Em um post publicado no Facebook na sexta-feira passada, Melissa Martin, residente da Carolina do Norte, disse que ela e sua amiga Denise Mintz levaram seus três cachorros — Abby, Izzy e Harpo — para um lago local na noite de quinta-feira. Mas poucos minutos depois de sair, Abby começou a sofrer uma convulsão. E apesar de todos os três terem sido rapidamente levados para um hospital veterinário, nenhum sobreviveu. Segundo seu veterinário, escreveu Martin, eles morreram de envenenamento por algas.
A mesma história logo se repetiria na Geórgia. Em um post no Facebook publicado no sábado, Morgan Fleming contou como sua cachorra Arya nadou no lago local durante o dia todo. Depois, ela começou a vomitar e ficou incapaz de parar em pé logo depois que eles saíram. No momento em que Arya foi levada para o pronto-socorro, ela perdeu a consciência. Ela morreu logo depois. Fleming, assim como Martin, disse que a morte foi causada por algas azul-esverdeadas.
Até o momento, a causa da morte para todos os quatro cães permanece não confirmada, aguardando uma possível autópsia ou investigação das fontes de água. Mas estas não seriam as primeiras mortes ligadas a uma concentração de algas.
Algas azul-esverdeadas não é o termo mais adequado. A maioria das coisas que consideramos algas são plantas ou muito relacionadas com plantas, como espécies de algas marinhas. Mas são criaturas microscópicas chamadas Cyanobacteria que formam algas azul-esverdeadas. Como as plantas, porém, as cianobactérias se nutrem do Sol.
Em pequenas quantidades, as algas geralmente não são prejudiciais à vida selvagem ou aos seres humanos. Mas quando as condições de alimentação estão adequadas, elas podem rapidamente se transformar em flores gigantes. São essas algas — caracterizadas pela descoloração vívida e viscosa da água que elas criam — que podem espalhar toxinas suficientes na água para ferir ou matar seriamente os animais que têm contato com elas.
Os cães podem ser mais suscetíveis ao envenenamento por algas, dados seus corpos menores, mas os seres humanos também correm risco.
Um estudo de 2014 dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças descobriu que houve pelo menos 11 surtos de doenças causadas por algas nos EUA entre 2009 e 2010. No total, eles foram responsáveis pelo adoecimento de 61 pessoas e deixaram dois hospitalizados. Todos esses surtos foram atribuídos à água doce; a maioria estava claramente ligada a algas azul-esverdeadas; e alguns aconteceram junto a uma onda de mortes de animais nas proximidades, incluindo cães.
Um estudo realizado por autoridades de saúde de Nova York em 2017, também publicado pelo CDC, documentou 51 casos de doenças relacionadas a algas entre humanos e cães durante 2015. Algumas pessoas também adoeceram com a proliferação de algas no oceano, como os eventos de “maré vermelha” que periodicamente assolam as costas da Flórida.
Dados nacionais dos EUA mais recentes sobre a frequência com que essas proliferações estão prejudicando pessoas e animais são limitados — um sistema nacional de vigilância voluntária foi reiniciado pelo CDC em 2016. Mas o CDC declarou a proliferação de algas um problema emergente de saúde pública.
Embora os efeitos da mudança climática sobre as populações de algas e outras coisas causadoras de doenças, como os carrapatos, sejam complexos, é provável que as temperaturas mais quentes tenham contribuído para um aumento e uma potência crescentes das proliferações de algas nos últimos anos. Isso se aplica especialmente às algas azul-esverdeadas, uma vez que elas prosperam em água doce quente. Até mesmo a Agência de Proteção Ambiental, que tem relutado em discutir os impactos do clima sob o governo Trump, diz o mesmo sobre as algas por enquanto.
Alguns estados têm seus próprios programas de vigilância para algas, incluindo a Carolina do Norte, mas Martin disse que não viu nenhum aviso na lagoa que ela e seus cães visitaram. Em homenagem aos seus amados bichinhos, Martin e outras pessoas criaram uma campanha bem-sucedida no GoFundMe que, segundo eles, arrecadará fundos para afixar cartazes em frente a qualquer fonte de água que possa estar contaminada com algas.
“Eu não vou parar até fazer uma mudança positiva”, disse Martin à CNN. “Eu não vou perder meus cães em vão.”
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